Caro
CAPITÃOOntem, depois do término do jogo, não pude acompanhar seus últimos instantes em campo. Desabei, sentada na arquibancada, a chorar e nada mais na minha frente era visto. Aliás, não lembro sequer os últimos lances do jogo. E não é porque não acreditava, não, viu. Era porque estava adormecida, olhando pro céu e rezando para que aquela situação mudasse nos últimos segundos. Por causa disso, não pude ver sua manifestação mais simples de amor ao que faz e à camisa que veste: o choro.
Alguns torcedores de outros times vão usar isso como piada, como chacota. Mas, sabe Capitão, não liga, não. É inveja. Inveja pura misturada com a vontade de ter, representando seu time, um cara como você. Um cara que, depois da derrota, não veste sua roupa e vai prá balada, como se nada tivesse acontecido. Um cara que recebe, sim, muito bem pelo que faz, mas que acima de tudo AMA, honra e acredita no time que defende. Um cara que, vai martelar cada lance do jogo, tentando descobrir o que poderia ter feito de melhor para ajudar seu time de coração a estar em mais uma final de Libertadores.

A gente, por ter uma identificação tremenda com você, às vezes se sente meio parente, sabe. Meio parte do círculo de amizade. Você é tão torcedor quanto a gente. Tão apaixonado por essa camisa quanto eu, meus amigos e os mais de 45 mil são paulinos que estavam lá.
Hoje, Capitão, a gente tá um pouco magoado. Um pouco descrente do futebol, um pouco triste com o que vem acontecendo com o São Paulo. Jurei, quando acordei ainda com os olhos inchados, que torceria menos por esse time, que gostaria menos de futebol, que não deixaria derrotas abalarem mais meu dia. Acho que isso vai passar, mas, agora, dói demais. E tenho certeza que dói prá você também.
Mas, você não pode parar. Deve ser mais difícil ainda levantar hoje e ir ao CT. Ou ler as notícias no jornal e ver sua foto estampada nos jornais, como um simples mortal. Que sofre, que chora, que acredita ao máximo e, por isso, nunca espera um revés na vida profissional. Infelizmente, eles existem. Tenho certeza que é só mais um. Só mais uma pedra que você usará para construir ainda mais caminhos brilhantes na carreira.
Ontem, foi, sem dúvida, um dos dias mais tristes da minha "vida de torcedora". Foi a eliminação mais doída das que presenciei em Libertadores. Mais do que em 94, com o erro de penalti do Palhinha e mais do contra o Fluminense, em 2008, com um gol no finalzinho da partida. E, saber que ainda tem alguém no futebol brasileiro (e até mundial) que sofre como nós, que sente a derrota como nós, meros e simples torcedores, nos faz acreditar que nada está perdido.
Por isso, Capitão, sinta-se abraçado por mim e por todos os são paulinos espalhados por este Brasil. Você é O CARA. Sempre será. Quem sou eu para te dar uma palavra de consolo. Quem sou eu para me atrever a querer te abraçar e dizer que tudo vai ficar bem. Não o conheço bem, fomos apresentados uma vez no CT, quando eu toda nervosa levei seu livro para autografar e você até me perguntou como eu tinha comprádo se ainda não estava a venda. Mas, de resto, não temos qualquer vínculo. Talvez, você já tenha amigos e família suficiente para te confortar. Mas, se fossêmos próximos, hoje, você teria o meu melhor abraço.
Até hoje pode ter sido o dia mais triste da minha vida. Mas, no dia em que você parar de jogar, aí sim, será o dia mais triste na vida de qualquer torcedor TRICOLOR. Então, Capitão, acredite, continue brigando por esse time, continue defendendo nossas cores, chorando quando perder e abrindo aquele sorriso quando ganhar.
Hoje, descanse. Abrace sua esposa, curta suas filhas. Elas serão o consolo. E amanhã, volte a brilhar no Morumba. É a sua missão, é a sua sina, é o seu destino.
E que bom que tive a oportunidade de presenciar esse destino. Obrigada, Capitão! Força e VAMOS TRICOLOR !!!!